Bag om Exílio
"...apenas percebe que estão todos refugiados, cada qual exilado dentro de si mesmo, mais que em sua cidade, em seu apartamento. Sim, cada qual exilado dentro de si mesmo. Cada qual exilado na sua profissão. Cada qual exilado na sua ideologia. Mais que aceitar a própria individualidade, viver é aceitar o outro. O resto é exílio, consciente ou não. Já viver é o contrário, é aproximar-se, é aceitar." Pela unidade, Exílio pode ser visto como um romance composto de contos independentes que se interligam por um único evento, a morte solitária de seu Arlindo, um bancário aposentado. Esse fato, por meio do fluxo de consciência de cinco personagens, traz à tona o clima do período áureo da Ditadura Militar, entre 1968 e 1974, e, em certa medida, é um contraponto à mística que se formou de que heróis eram aqueles que, por razões reais ou imaginárias, deixavam o país ou fugiam para a clandestinidade. Na verdade, os maiores exilados foram os que ficaram e enfrentaram o dia a dia de um país sem perspectivas, de uma sociedade conservadora, fechada e enclausurada em seus problemas e preconceitos. Esse foi o pior dos exílios, o exílio aqui, na própria pátria, o exílio em si mesmo vivido no Brasil dos anos de chumbo, porque, quando esse exilado percebe que pode voltar à sua pátria, descobre que nunca saiu de sua pátria que não existe, nem nunca existiu e nada mais é que o seu mundo interior.
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