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Braços Quebrados conta a história de um jovem que fugiu de Timor após a invasão indonésia e se refugiou em Portugal. As recordações da família, do cheiro a sândalo e a tamarindo, a eucalipto branco e a maresia, levam-no a escrever um diário. Esse diário depressa ultrapassa a intenção inicial para se tornar num companheiro a quem o autor confia os sentimentos mais íntimos, os pesadelos que o perseguem, a relação com os outros, os amores e as desilusões, a angústia, o medo e a alegria. Retrato de Timor pós-colonial, por ele perpassam a guerra civil, a invasão, a luta da Resistência nas montanhas, a prisão de Xanana, o massacre no cemitério de Santa Cruz, o referendo, a reacção das milícias e do exército indonésio, a força de paz da ONU e a vitória da esperança.
"Voltou a moda das gravatas às florinhas e dos fatos à "Boss". Qualquer farroupilha esbanja pela imagem. Todos lutam pelo status cada vez mais, todos querem ser patrões, mandar.Eu não desgosto das gravatas nem dos fatos. Acho-os estéticos. Porém, não os uso, primeiro porque não são nada baratos, segundo porque ainda sou novo para andar de garganta entalada, terceiro porque não preciso de me fazer à imagem. Sou o que sou, não o que pareço.É na camada mais jovem dos homens - já nem falo das senhoras -, entre os vinte e cinco e os trinta e cinco anos, que o uso desta indumentária, inventada há dois ou três século em Paris, tem vindo a aumentar. As calças de ganga já são parolas, com cheiro a pobreza. As casacas e outras alfaias afins, do mesmo modo."
Embora Deus tenha feito o homem e a mulher como complemento um do outro e para viver em harmonia, a vida tem demonstrado que, ou por erro de conceção, ou por defeito de fabrico, a maior parte das vezes a relação entre um e outro se apresenta problemática, parecendo esse facto resultar de uma divergência de feitios a que um mecânico chamaria deformação de encaixes ou um técnico informático incompatibilidade de versões. Este livro apresenta um conjunto de histórias de homens e mulheres com os seus conflitos que, sendo embora antigos, são, graças à emancipação e à amoralização progressiva da sociedade, os conflitos que caracterizam grande parte das relações atuais.
O Construtor de Cidades descreve em primeira pessoa o quotidiano de um professor de Biologia a trabalhar numa escola pública. As dificuldades, as desilusões e a desmotivação que advêm da sua relação com os alunos e com os colegas, tão ou mais desmotivados do que ele próprio, as alterações constantes à legislação educativa e aos programas de ensino que sucessivos governos vão impondo a um ritmo impossível de assimilar e de pôr em prática com sucesso, levam-no a um estado de prostração e de desânimo. É esse estado que permitirá à personagem refletir no seu papel numa sociedade em crise que se desmorona diante dos seus olhos. O único refúgio possível é o passado, tempo mítico de amores, de ilusões e de felicidade.
Yet another battalion departs for Mozambique, to fight in a seemingly endless war. It includes a reservist 2nd lieutenant and a private who barely know each other. Having left behind his fiancée, a medical student, the officer indulges in transient passions and reckless behavior. The private, married and with a daughter, struggles to survive in a strange environment, among hostile animals and plants, mined paths, ambushes, scorching sun and blinding fog. Back in Portugal, the officer's fiancée and the private's wife survive amidst fear, prejudice, and misery, guided by their natural strength and by love.
Mais um batalhão segue para Moçambique, a continuar a guerra que teimava em durar. Dele fazem parte um alferes miliciano e um soldado que mal se conhecem. Deixa o alferes para trás a noiva, uma estudante de Medicina, e entrega-se a paixões transitórias e a congeminações imprudentes. O soldado, casado e pai, procura sobreviver numa paisagem estranha, entre bichos e plantas hostis, caminhos minados, emboscadas, sol e cacimba. Na metrópole, a noiva de um e a esposa de outro sobrevivem no vasto lago de medo, de preconceitos e miséria, guiadas pela força que as caracteriza e pelo amor.
Darkening Stars - A Novel of the Great War is about a young law student who was drafted to serve as a platoon commander in the Portuguese Expeditionary Corps sent to Flanders in 1917. What happened to him and the men under his command, the small and great miseries of their life in the trenches, their links with what they left behind and what they lost, and the incomprehension they met upon returning home, are some of the main lines of this moving and historically accurate portrait of one of the most turbulent periods of Portuguese history. It is also a story of love and of a young man's inner struggles and personal growth, his determined search for peace and happiness, along a path strewn with destruction and trampled dreams.
Na Memória das Estrelas sem Brilho, conta-se a história de um estudante universitário que é obrigado a interromper o curso para comandar um grupo de expedicionários que o governo português em 1917 enviou para as trincheiras da Flandres. A sua trajectória e a dos homens que comanda, nas pequenas e grandes misérias de que foram vítimas e na ligação ao que deixaram e ao que perderam, resulta num retrato emocionante e autêntico de um dos períodos mais conturbados da sociedade portuguesa.Romance de guerra, mas também romance de amor, Memória das Estrelas sem Brilho relata a tão inútil quanto obstinada busca da paz e da felicidade através de um caminho de escombros e flores cortadas, capacho do tempo e dos seus caprichos.Afirma o crítico Milton Azevedo que, «além de seu valor literário como narrativa de ficção propriamente dita, constatável à primeira leitura, o romance tem grande interesse como retrato da sociedade portuguesa, que forma o background da narrativa. O narrador, homem de seu tempo (ou tempos) e classe social, tem uma visão tão nítida da sua sociedade quanto é possível esperar de alguém que nunca pôde sair dela para observá-la de fora. É, portanto, uma visão naïve, informada apenas por elementos colhidos dentro daquela sociedade. Mas é uma visão arguta, porque o narrador é um indivíduo inteligente e lúcido. E complementada, é claro, pela visão, indirectamente transmitida ao leitor, do Rato, que é um verdadeiro co-protagonista (e não apenas um sidekick) - um pouco, mutatis mudantis, como Sancho Pança, sem o qual o Quixote ficaria impensável.»
Em Bolinhas de Amor, são pintados alguns quadros, uns a preto e branco, outros a cores, da infância e adolescência de Marco Túlio Ferreira, reconhecido, embora não conhecido, escritor e académico português, entre meados dos anos 70 do século passado e o início da década seguinte, numa aldeia próxima de Braga. A relação do adolescente com a família, os vizinhos, a escola, os amigos e as amigas, e também com os seus inimigos ou adversários, é o principal foco destes quadros. As preocupações, os medos, os complexos próprios da adolescência, os reveses, os incidentes em que se envolve, os momentos felizes, as brincadeiras, as pequenas aventuras, as leituras que lhe moldam a personalidade e a descoberta de si próprio e dos outros, revelam um jovem sensível na forma de apreender, sentir e agir perante os desafios de uma sociedade que saía do obscurantismo da ditadura política, que subjugou os seus pais e avós, para a democracia e a liberdade.
Os romances de amor, esgotados pelos lugares comuns e pela desconstrução pós-moderna, caíram no ridículo e são um subgénero, ainda de grande procura, a que se dedicam alguns escritores de renome para equilibrar o seu parco orçamento. Tais romances têm por função entreter corações solitários nas horas que sobram do desfastio das conversas nas redes sociais com amantes virtuais. Vítor Pinheiro, escritor farto da concorrência desleal dos colegas de ofício lobificados pelos grande grupos editoriais e associações a que não pertence, decide desistir da escrita e, para compensar, passa a dedicar-se ao estudo de Homero, fonte das fontes da literatura ocidental. Sempre que a sorte o bafeja, qual Ulisses na ilha de Calipso, entrega-se aos prazeres da carne com amigas, conhecidas e até desconhecidas, num frenesim dionisíaco. Não sabe, a dada altura, se as mil mulheres com que se deita são fruto da sua imaginação delirante, se a experiência de uma realidade alternativa.
O Primeiro Instante é o quinto e último romance da série "Cenas da Vida Académica" iniciada com O Cavaleiro da Torre Inclinada (2009). Marco Túlio Ferreira, professor universitário, abandonado pela sua companheira, uma ex-freira que decide voltar para o convento, encontra-se novamente livre e envolve-se em mais uma série de aventuras amoras a que em vão tenta escapar. Macau e Florença são algumas das cidades que o protagonista visita e onde vive algumas dessas aventuras, quase sempre com um términus inusitado. Recebe inesperadamente de herança o velho casarão fradesco que pertencera à Dona Glorinha, a sua protetora da juventude. Aí decide instalar-se, retificando o rumo da sua vida, com a única mulher que nunca deixara de amar. Algumas pontas, porém, ficam soltas, deixando entrever que talvez não seja fácil para ele manter-se dentro do conto de fadas que tinha idealizado.
A Sagrada Família é a continuação de A Porca (2014), romance que faz parte da série de ficção de José Leon Machado iniciada com O Cavaleiro da Torre Inclinada (2009), cujo cenário é a vida académica. Nesta quarta parte, conta-se como Marco Túlio Ferreira, na adolescência, se apaixona pelos livros e se torna bibliotecário da Dona Glorinha, uma senhora brasileira proprietária de um velho casarão fradesco. Conta-se também a história do seu primeiro grande amor e de como o reencontra vinte anos mais tarde, de forma intensa e arrebatadora, a ponto de não conseguir pensar noutra mulher. Malgrado os escrúpulos, Marco Túlio mantém o velho hábito das aventuras de cama, em Portugal e no estrangeiro, umas prazerosas, algumas molestas e outras inconsequentes. Entre os apelos da líbido, o trabalho e os deveres familiares, Marco Túlio é levado a tomar o partido da família, princípio, meio e fim do acidentado périplo que a cada um cabe cumprir.
O padre da Gralheira aparece morto na cama em Dezembro de 1943. O sacristão chama o regedor, autoridade policial da freguesia, que toma conta da ocorrência. Este procede a uma série de averiguações que vão fazê-lo ponderar na hipótese de se tratar de um crime. Vem a saber que o clérigo tinha como amante uma mulher casada. O marido, um rico proprietário que frequentava amiúde um bordel, poderia tê-lo mandado matar por despeito.Tudo se complica, porém, quando o regedor descobre que o clérigo era receptador do volfrâmio roubado da mina explorada por uma companhia alemã e suspeita que o crime, se o houve, não fora cometido por questões de honra, mas por dinheiro. Entretanto, luzes estranhas vistas durante a noite adensam um mistério que vai sendo mal interpretado.Sobre a aldeia, retrato de um país atrasado e rude, paira a ameaça da guerra. A ela se devia a periclitante situação económica vivida pelos mais pobres, com o racionamento dos produtos essenciais, as requisições obrigatórias das colheitas pelo Grémio, a revolta das populações e a repressão do governo.A ex-amante do padre, carioca transplantada para os nevoeiros da Gralheira, dá um ar de graça à história, vivendo amores, incentivando-os e protegendo-os. É ela a verdadeira heroína, que contrapõe o amor à guerra e aos interesses mesquinhos dos homens. Este é um romance de mistério, onde afinal o único mistério, num confronto directo com a literatura da moda, é não haver mistério nenhum.
Na época das redes sociais, a escrita de um diário deixa de fazer sentido. A exposição pública (aos amigos e seguidores) do que fazemos, pensamos ou gostamos torna a diarística, em particular quando publicada em livro, redundante e inútil. É verdade que postar fotos, vídeos e desabafos numa rede social ou escrever uma entrada de um diário não são bem a mesma coisa. Mas o objetivo é o mesmo: um ato de narcisismo perante si próprio e os outros.
Marco Túlio Ferreira, professor numa universidade do norte do país, devido à pandemia causada pelo coronavírus, permanece confinado no velho palacete que herdara de uma brasileira rica, sua antiga protetora. Para ocupar a solidão e a monotonia das noites, aproveita para recordar os amores da juventude, que vai contando à Leonor, a sua atual namorada, também ela confinada em sua casa a alguns quilómetros de distância. Marco Túlio conta como teve a sua primeira experiência sexual de caloiro com uma colega doutora durante a praxe no Porto; ou de como, numas férias de verão numa aldeia de Trás-os-Montes, dormiu com duas irmãs, um delas solteira e outra recém-casada. A solidão do confinamento é de súbito interrompida com a chegada da Rafaela, sua ex-companheira, e da filha, que estavam em Timor. Novos desafios afetivos lhe são impostos, que ele procura acomodar aos seus desejos e interesses. O tom, entre o poético e o satírico tão próprios do autor, faz deste livro uma experiência de leitura amena e, em tempos de Covid-19, de esperança na vida e no amor.
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